O anúncio do fechamento de 94 escolas feito pelo Governo
do Estado de São Paulo, no mês de outubro de 2015, gerou a onda de ocupações
por estudantes da rede estadual de ensino.
Seguindo este movimento, e incorporando pautas como
precarização do ensino, apoio à greve dos professores, contrariedade ao PL
44/2016 e ao Projeto “Escola sem Partido”, os estudantes da rede estadual do
Rio Grande do Sul iniciaram dia 11 de maio ocupações em diversas escolas,
chegando ao significativo número de 112 até o dia 19.
Por isso, nesta semana a equipe do CRDH começou a
percorrer algumas escolas estaduais em Porto Alegre ocupadas por seus
estudantes, para apresentar o CRDH e se colocar à disposição para realizar
atividades sobre direitos humanos, atendimento individuais ou mesmo para
contribuir na divulgação e interlocução com coletivos apoiadores.
A organização e a consciência política dos
estudantes inspira. Nas escolas que visitamos (Costa e Silva, Julinho, Paula
Soares, Roosevelt, Protásio Alves), as direções apoiaram o movimento e os
estudantes organizaram, autonomamente, diversas comissões temáticas para dar
conta de todas as responsabilidades e dificuldades inerentes deste tipo corajoso
de ativismo e ação direta: comissões de comunicação, segurança, alimentação,
limpeza, atividades culturais, etc.
Os portões permanecem fechados e quem não é
estudante precisa registrar entrada e saída. As principais deliberações são
tomadas em assembleia e a comunicação é feita principalmente pela internet ou
por representantes escolhidos para dialogar com a imprensa. Alguns pais e mães,
além de servidores e professores, passam a noite com os alunos e contribuem na
organização.
Rapidamente, diversos indivíduos e coletivos têm prestado
solidariedade e apoiado os estudantes, seja com doações de alimentos, plantão
jurídico ou com a “doação” de atividades culturais, como oficinas artísticas,
aulas abertas e rodas de discussão.
O CRDH realizou, na última quarta-feira, atividade no
Colégio Estadual Presidente Costa e Silva, no bairro Medianeira. Neste colégio
que os alunos, em ato simbólico, homenagearam o estudante Edson Luis de Lima
Souto, morto aos 18 anos em 1968, durante a ditadura civil-militar, no governo
do então presidente Arthur da Costa e Silva. A atividade consistiu em dinâmica
sobre identidade, privilégios e desigualdade racial, abordando temas como cotas
e políticas públicas e sociais.
Em nota oficial, a Secretaria Estadual da Educação
do Rio Grande do Sul afirmou que buscará conhecer as reivindicações e que não
tratará as mobilizações dos estudantes secundaristas como caso de polícia, mas
como pauta da área da educação.
O
CRDH permanecerá atento aos desdobramentos das ocupações, procurando oferecer
atividades e monitorando possíveis violações de direitos humanos dos alunos
envolvidos.