“É impossível voltar para casa sendo a mesma
pessoa. Foi tudo muito intenso. Eu fiz o que gostaria de fazer: mergulhar na
realidade daquele povo, viver como eles e sentir o que sentem”. É assim que a
professora aposentada Rosane Vasques resume o que viveu durante os três meses
de voluntariado que realizou na cidade de Lábrea, no Amazonas.
Rosane, de 53 anos, trabalhou durante três anos
no Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, e
atualmente é terapeuta familiar. Desde a adolescência cultivava o sonho de
realizar voluntariado, porém os compromissos com o trabalho, marido e filhos a
levaram a adiar o propósito – mas nunca esquecê-lo.
Quando decidiu que estava na hora de realizar
seu objetivo, foi em busca de informações e conheceu o Programa Voluntariado Marista.
Os trâmites de preparação ocorreram rapidamente e, em fevereiro deste ano, ela
pode, enfim, embarcar rumo à Região Amazônica. A Comunidade dos Irmãos Maristas
em Lábrea fica junto à Escola Estadual Santo Agostinho e, como o ano letivo
havia iniciado há poucos dias, foi no colégio que Rosane começou sua atuação
voluntária.
Sua primeira atividade foi organizar a
despensa dos alimentos. Depois, ajudou a reativar o laboratório de informática.
Como haviam, na escola, alguns professores em licença saúde, Rosane assumiu as
aulas de Matemática e Ciências de três turmas do 2º ano do Ensino Fundamental –
durante um mês, foi professora de crianças com idades entre 7 e 8 anos.
Em paralelo às atividades de sala de aula,
propôs a implementação do projeto Dado do Amor. Trata-se de um cubo, em que em
cada uma das seis faces são apresentados pontos importantes na arte de amar. A
ideia parte da frase conhecida como ‘regra de ouro’: “Não fazer aos outros
aquilo que não gostaríamos que fosse feito a nós”. A ideia foi apresentada ao
grupo de professores e funcionários da instituição que se desafiaram a adotar a
prática entre eles para depois repassar aos estudantes. Além de se envolver com
atividades escolares, Rosane também atuou junto à Igreja Católica na cidade. Na
Pastoral das Curvas, visitava as comunidades ribeirinhas da região todos os
fins de semana. Também auxiliou a fortalecer a Pastoral Familiar que estava sem
atividade na paróquia local. Ela, por ser terapeuta familiar, ministrou um
curso sobre relacionamentos que reuniu dezenas de casais na igreja.
Para Rosane, todas as atividades foram como que uma
semente lançada. “Penso que o dado do amor vai qualificar as relações na
escola. Já o curso serviu e vai continuar servindo de incentivo para a Pastoral
Familiar. Agora é apostar que essas iniciativas rendam bons frutos”, projeta.
A voluntária afirma que um de seus maiores
aprendizados foi o valor que ela passou a dar aos aspectos da vida. “O povo de
lá é muito carente, não tem nem onde reclamar os seus direitos básicos. Aqui a
gente tem tudo e ainda reclama. Agora tenho uma nova visão de mundo”,
destaca.
Segundo ela, o voluntariado é uma vivência
extraordinária que deveria ser realizada por todas as pessoas. Por isso, ela
planeja fazer outra experiência. “Ainda não sei o local. Mas certamente o
destino será onde houver mais necessidade”, garante Rosane.
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