No dia 17/12 de 2021, o Centro de Referência em Direitos Humanos-AVESOL ministrou oficina sobre Gênero e Sexualidade para 9 apenados da Penitenciária Estadual do Jacuí, localizada na Av. dos Jasmins, Santo Antônio, em Charqueadas/RS.
O
objetivo da oficina foi abordar com os participantes temas envolvendo a sexualidade
e questões de gênero, incentivando o debate sobre um assunto que pode ser
polêmico e causa muitas dúvidas, fazendo os refletir sobre questões importantes
que pautam a vida em sociedade. Outra motivação da oficina foi prepará-los para
que possam enfrentar situações diversas relacionadas a temática quando
retornarem ao convívio social em liberdade.
Neste
sentido, foram passadas noções básicas sobre prevenção a gravidez indesejada e
IST’s, bem como sobre orientação sexual. Para isso, foi feita dinâmica
interativa entre os participantes sobre como as IST’s se propagam e a
importância de se conhecer os métodos preventivos mais eficazes, ensinando o uso
correto da camisinha e apontando a eficácia preventiva do D.I.U. Muitos
relataram que possuem filhos, sendo importante a temática da educação sexual
ser esclarecida para que possam conversar com mais propriedade com estes.
A conversa
com os participantes também abordou o tema do consentimento, uma vez que quando
não há consentimento em uma relação afetiva/sexual estará havendo uma violência
e, muitas vezes, um estupro. Ressaltou-se a existência de novos tipos penais
que protegem a dignidade e a liberdade sexual, bem como criminalizam a perseguição
reiterada que ocorre, notadamente, contra mulheres.
Ao depois,
abordou-se o tema do gênero por meio do curta metragem “Acorda Raimundo!”, que,
de forma satírica, ao inverter os papeis sociais de gênero numa família
brasileira, desnuda as ações que são socialmente esperadas de cada papel de
gênero, bem como a construção social destes em cada cultura. Muitos apontaram
como o filme revela o machismo existente na sociedade e que levarão tais
reflexões para suas relações sociais familiares, tentando combater o machismo.
Questões
sobre transexualidade também foram abordadas, conscientizando-se os participantes
sobre a importância do respeito à diversidade. Neste sentido, referiu-se os
dados alarmantes da violência de gênero, que causa a morte de uma mulher a cada
2h no Brasil e um homossexual a cada 28h. Debateu-se sobre a questão dos papéis
de gênero esperados na sociedade, perguntando-os o que eles já tinham ouvido só
por serem classificados como de determinado gênero, sendo que este reducionismo
do papel social esperado conforme o gênero é um dos principais fatores da
violência de gênero, pois nega a diversidade e aniquila outras expressões de
gênero que não sejam as tradicionais.
Discutiram-se
as conquistas do movimento feminista pela igualdade de gênero, como o direito
ao voto, não discriminação no trabalho, etc., bem como se problematizou a noção
vigente de masculinidade, que impõe determinados comportamentos violentos e
tóxicos aos homens.
Houve intensa
participação dos apenados, os quais puderam expressar suas angústias e dúvidas
sobre os temas tratados.
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