quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 No dia 17/12 de 2021, o Centro de Referência em Direitos Humanos-AVESOL ministrou oficina sobre Gênero e Sexualidade para 9 apenados da Penitenciária Estadual do Jacuí, localizada na Av. dos Jasmins, Santo Antônio, em Charqueadas/RS.

O objetivo da oficina foi abordar com os participantes temas envolvendo a sexualidade e questões de gênero, incentivando o debate sobre um assunto que pode ser polêmico e causa muitas dúvidas, fazendo os refletir sobre questões importantes que pautam a vida em sociedade. Outra motivação da oficina foi prepará-los para que possam enfrentar situações diversas relacionadas a temática quando retornarem ao convívio social em liberdade.

Neste sentido, foram passadas noções básicas sobre prevenção a gravidez indesejada e IST’s, bem como sobre orientação sexual. Para isso, foi feita dinâmica interativa entre os participantes sobre como as IST’s se propagam e a importância de se conhecer os métodos preventivos mais eficazes, ensinando o uso correto da camisinha e apontando a eficácia preventiva do D.I.U. Muitos relataram que possuem filhos, sendo importante a temática da educação sexual ser esclarecida para que possam conversar com mais propriedade com estes.

A conversa com os participantes também abordou o tema do consentimento, uma vez que quando não há consentimento em uma relação afetiva/sexual estará havendo uma violência e, muitas vezes, um estupro. Ressaltou-se a existência de novos tipos penais que protegem a dignidade e a liberdade sexual, bem como criminalizam a perseguição reiterada que ocorre, notadamente, contra mulheres. 

Ao depois, abordou-se o tema do gênero por meio do curta metragem “Acorda Raimundo!”, que, de forma satírica, ao inverter os papeis sociais de gênero numa família brasileira, desnuda as ações que são socialmente esperadas de cada papel de gênero, bem como a construção social destes em cada cultura. Muitos apontaram como o filme revela o machismo existente na sociedade e que levarão tais reflexões para suas relações sociais familiares, tentando combater o machismo.

Questões sobre transexualidade também foram abordadas, conscientizando-se os participantes sobre a importância do respeito à diversidade. Neste sentido, referiu-se os dados alarmantes da violência de gênero, que causa a morte de uma mulher a cada 2h no Brasil e um homossexual a cada 28h. Debateu-se sobre a questão dos papéis de gênero esperados na sociedade, perguntando-os o que eles já tinham ouvido só por serem classificados como de determinado gênero, sendo que este reducionismo do papel social esperado conforme o gênero é um dos principais fatores da violência de gênero, pois nega a diversidade e aniquila outras expressões de gênero que não sejam as tradicionais.

Discutiram-se as conquistas do movimento feminista pela igualdade de gênero, como o direito ao voto, não discriminação no trabalho, etc., bem como se problematizou a noção vigente de masculinidade, que impõe determinados comportamentos violentos e tóxicos aos homens. 

Houve intensa participação dos apenados, os quais puderam expressar suas angústias e dúvidas sobre os temas tratados.

Ao final, todos disseram ter aproveitado muito a oficina, sendo o tema presente e atual em suas vidas. Muitos referiram a importância de se abordar tal temática para que possam ser pessoas melhores em seus relacionamentos interpessoais, dentro e fora da cadeia.




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