No dia
16/12 de 2020, o Centro de Referência em Direitos Humanos-AVESOL ministrou
oficina, por plataforma on-line, sobre Violências e Inquietações na Pandemia
para jovens e educadoras do Projeto Pescar/RS.
A
oficina foi uma roda de conversa para que os jovens pudessem expressar as
inquietações experienciadas durante este ano atípico e com inúmeros desafios
para todos. Ainda, pautou-se alguns eventos recentes de violência ocorridos no
Brasil e que acabam sendo fonte de angústia para os jovens.
Em
seguida, o debate abordou a questão das violências, principalmente de gênero e
contra as mulheres. Os relatos foram desde situações vividas com parentes
próximos, como angústias sobre violências experenciadas no dia-a-dia que
impedem muitas meninas de serem quem gostariam de ser ou fazerem certas
atividades com liberdade na rua. Assim, foi feito um breve histórico da Lei
Maria da Penha, com relatos sobre a vida desta ativista pelos direitos das
mulheres, que de vítima, tornou-se referência na luta por direitos. Ainda,
refletiu-se sobre a importância do consentimento em todas as relações afetivas
e sexuais.
Para
ilustrar a questão da luta por direitos, os jovens assistiram trechos do
documentário Em Frente da Lei tem um Guarda, produzido pela Themis Gênero,
Justiça e Direitos Humanos (disponível aqui: https://bityli.com/DIm5O),
no qual é relatado o processo de formação da Promotoras Legais Populares, mulheres lideres comunitárias que são
capacitadas para atuarem como promotoras de direitos das mulheres nas
comunidades mais vulneráveis.
O
vídeo traz o relato de Jane Beatriz da Silva Nunes, líder comunitária da região
da Cruzeiro, em Porto Alegre/RS que morreu após ação policial em sua residência
em dezembro de 2020. Com isso, a conversa também foi direcionada para a
violência institucional/policial e o racismo presente na sociedade.
Os jovens
fizeram alguns relatos sobre suas experiências, tendo discutido a importância
da representatividade nos espaços de decisão política. Desse modo, referiu-se
alguns fatos das eleições para as câmaras de vereadores do Brasil, em que houve
um recorde de candidaturas negras e mulheres, e de pessoas trans. Em Belo
Horizonte, a candidata e professora Duda Salabert, do PDT foi a mais votada
para a Câmara Municipal com 37,6 mil votos. Por sua vez, em Porto Alegre/RS,
pela primeira vez na história, 05 vereadores(as) são negros, formando uma
inédita bancada negra na câmara.
Contudo,
esta representatividade gerou também algumas manifestações preconceituosas,
como foi o caso da primeira vereadora negra de Joinville/SC, que sofreu ataques
racistas, bem como os ataques feitos as vereadoras(os) negras(os) eleitas(os)
na capital gaúcha, que sofreram ataques de um ex-candidato a prefeito.
Por fim,
o assassinato de João Alberto por seguranças do Carrefour e a morte de Jane
exemplificaram como o racismo é algo pernicioso e parece ter ficado mais
evidente nestes tempos pandêmicos.
Houve intensa participação dos
jovens, os quais puderam expressar suas angústias e dúvidas sobre os temas tratados
e a situação atual. O desejo por mais saúde e dias melhores encerrou o
encontro.
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