Se
calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. (Lc 19,40)
...Se
fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão.
Sim! Milhares de trilhas iniciadas por irmã Dorothy Stang, continuam abertas
depois de seu martírio em 12 de fevereiro de 2005, no município de Anapu,
Estado do Pará. Trilhas estas, continuadas pelo padre Amaro Lopes, conhecido,
amado e respeitado por sua incansável luta em defesa dos direitos humanos,
especialmente dos camponeses, pequenos agricultores da região de Anapu. Gente
simples e de grande valor na defesa da Amazônia e da ecologia integral.
Dando continuidade ao trabalho de
irmã Dorothy, padre Amaro atua no município de Anapu (PA), na Paróquia Santa
Luzia, como líder comunitário e coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
na região. Há muitos anos, defende a regularização fundiária e o justo
assentamento de centenas famílias de camponeses pobres da região vinculados ao
Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Em sua missão, tem se colocado à
serviço da causa dos trabalhadores e trabalhadoras do campo sendo um suporte
para a sua organização, seu protagonismo e sua incansável luta em defesa da
Amazônia.
Nesta semana em que celebramos as dores de Cristo a caminho do calvário, padre
Amaro Lopes está sendo injustamente acusado e conduzido pelos mesmos caminhos
do Calvário de Jesus Cristo. Os sumos sacerdotes, que outrora condenaram Jesus,
são os poderosos, exploradores da Amazônia e de seu povo, que agora condenam
padre Amaro Lopes.
Da mesma forma que reconhecemos as injustiças da condenação de Jesus,
reconhecemos também que o mesmo se passa com padre Amaro. Por isso,
compartilhando das mesmas dores de Jesus, clamamos por justiça e bradamos pela
imediata libertação deste nosso irmão. Repudiamos veementemente as acusações
impetradas sobre ele de forma caluniosa.
Manifestamos nossa solidariedade e
nos colocamos ao seu lado, pedindo que se faça justiça com transparência e
neutralidade. Que a verdade dos fatos seja apurada com o rigor da justiça, e
que o padre Amaro tenha o direito de responder ao processo em liberdade, como o
é permitido a qualquer cidadão em situação parecida.
Estamos apreensivos e acompanhamos a
investigação e espera pela rápida elucidação dos fatos.
Que se faça justiça e que se celebre
a Páscoa da Libertação!
Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil)
“O servo não é maior do que o seu
senhor. Se a mim perseguiram, também vos perseguirão”. (Jo 15,20)
A Semana Santa começou com grande sofrimento para a Prelazia do Xingu. Fomos
surpreendidos na manhã do dia 27 de março com a notícia da prisão de nosso
Padre José Amaro Lopes de Sousa, pároco da paróquia de Santa Luzia de Anapu.
Manifestamos nossa fraterna solidariedade a esse incansável defensor dos direitos
humanos, defensor da regularização fundiária, da reforma agrária e dos
assentamentos de sem-terra. Há anos alvo de ameaças, Padre Amaro agora é vítima
de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos
favorecidos.
Repudiamos as acusações de ele
promover invasões de terras que são reconhecidas pela Justiça como terras
públicas, destinadas à reforma agrária, mas se concentram ainda nas mãos de pessoas
economicamente poderosas.
Padre Amaro atua desde 1998 na
Paróquia Santa Luzia. É líder comunitário e coordenador da Pastoral da Terra
(CPT). O assassinato da Irmã Dorothy em 12 de fevereiro de 2005 no Projeto de
Desenvolvimento Sustentável (PDS) “Esperança”, não mais o deixou quieto e o fez
continuar a missão daquela Irmã mártir.
Acompanhamos apreensivos a
investigação e elucidação dos fatos e insistimos que a verdade seja apurada com
justiça e total transparência.
A Semana Santa nos recorda a Paixão
e Morte do Senhor na cruz, muito mais ainda a Ressurreição de Jesus. Na Páscoa
celebramos a vitória da Vida sobre a morte, mas também da Verdade sobre todas
as mentiras.
Altamira, 28
de março de 2018
Dom João
Muniz Alves, bispo do Xingu
Dom Erwin
Kräutler, bispo emérito do Xingu
originalmente publicado em http://redamazonica.org/2018/03/iglesia-brasilena-y-repam-brasil-solidarias-con-el-padre-amaro-lopes/