No dia 13 de Setembro de 2016,
realizou-se na Câmara de Vereadores Audiência Pública, com representantes de
todos os CRAS, CREAS, CMAS, estagiários/as, usuários/as da assistência social,
trabalhadores/as para debatermos juntamente com a FASC as questões do CADÚNICO
e do Bolsa Família, tendo em vista a postura assumida pela Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, em centralizar na sede da FASC o (re)cadastramento do
CADÚNICO dos/as usuários/as, tirando dos
territórios e dos CRAS essa competência.
1)
USUÁRIOS/AS
E BENEFICIÁRIOS/AS DO BOLSA FAMÍLIA:
Usuários/as compareceram em grande
número, sendo que diferentes regiões estavam representadas por conselheiros da
sociedade civil. Os mesmos manifestaram o descaso da prefeitura para com os
usuários/as e a política de assistência social do município, a partir do
momento que a FASC centraliza a realização do CADUNICO em suas dependências,
inviabilizando o acesso dos usuários/as.
O número de fichas é insuficiente para atender
à todos/as e o tempo de espera é imenso. Além das questões de recursos para
deslocamento, a violência também foi outro fator trazido pelos/as usuários/as,
que dizem temer sair de casa durante a madrugada para pegar ônibus e chegar a
tempo da distribuição de fichas.
Usuários denunciam que, em virtude
destas situações, vem ocorrendo a “venda de lugares” na fila de espera,
mercantilizando o acesso a um direito social e o serviço público.
Denunciam ainda que, devido a morosidade tanto cadastramento
quanto na colocação dos cadastros no sistema nacional, usuários/as inscritos/as
em programas habitacionais correm o risco de perderem suas inscrições, devido à
falta do nº de NIS, critério obrigatório para inclusão e recebimento de
qualquer benefício e/ou programa do governo federal. Apontam também, a falta de
estrutura da FASC para acolher e atender seus/suas usuários/as.
2) SOBRE OS ESTÁGIOS:
Sobre a atual situação dos/as
estagiários/as alguns questionamentos foram apontados, tais como:
A realização da supervisão de estágio, a
partir do realocação de estagiários/as para a sede da FASC, sendo que no CRAS
estariam os/as técnicos/as responsáveis pelo mesmo. Como resposta, a FASC
através de seu atual presidente, Marcelo Soares, refere haver pessoa capacitada
na sede para realizar a supervisão dos/as estudantes. Porém, importante
salientar que no contrato assinado entre os estagiários e a FASC, a supervisão
está a cargo dos técnicos dos CRAS, bem como está designado o local onde o estágio
está sendo realizado.
Há ainda, a denúncia de atraso
no carregamento dos cartões TRI de estagiários/as e funcionários/as que, até a
presente data ainda não haviam sido recarregados.
Sobrecarga de atividades, sendo
que há apenas cerca de 6 estagiários/as para atender e preencher os CADUNICOs
de 100 fichas diárias distribuídas à população.
Outro fator se dá em relação a responsabilidade
no cadastramento dos CADUNICO no sistema, pois há escassez de recursos humanos
e apenas uma senha e login para ser utilizada por todos.Denunciam ainda, a precária
estrutura disponibilizada para atendimento, dificultando a garantia do sigilo
das informações fornecidas pelos/as usuários/as.Tais demandas apresentadas
indicam a utilização de mão de obra barata pela FASC, no momento que
sobrecarrega e coloca a responsabilidade aos estudantes estagiários/as
contratados/as.
2)
SOBRE
ENTIDADE VENCEDORA DO EDITAL PARA CONTRATAÇÃO DE RH E TRABALHADORES/AS DA FASC
O atual presidente da FASC, o Srº Marcelo
Soares, informa o motivo de não ter ocorrido a homologação da entidade
vencedora, devido à falta de documentação previamente exigida por edital. Neste
sentido alega ter anulado o processo licitatório após ser orientado pela
Procuradoria Geral do município em fazê-lo. Diante da explanação, a
coordenadora da entidade vencedora, se manifesta alegando que, a prefeitura
teria lhe concedido o documento solicitado apenas no último dia de prazo para
manifestação, evidenciando um possível desinteresse por conta do município em
validar o processo em questão.
Trabalhadores/as questionam os
recursos previstos no projeto que visava atender os/as usuários/as por meio de
um CRAS Móvel e, que a princípio nunca teria saído do papel.Sobre a audiência e suas
manifestações, o presidente da FASC, comprometeu-se em acionar as coordenações
dos CRAS e em conjunto procurar soluções imediatas para as demanda
apresentadas, além de rever o processo licitatório colocado em pauta.
Neste sentido, diante das
denúncias apresentadas pela população e pelas entidades da sociedade civil fica
evidente que, o município de Porto Alegre em sua atual gestão vem agindo de
forma desrespeitosa com seus trabalhadores/as e usuários/as da assistência
social. Retirando direitos previstos em lei, transformando o SUAS - Sistema
único de Assistência Social em uma política rasa, sem concretude e amplitude,
eximindo-se de sua responsabilidade no que se refere, garantir a
territorialidade da política de assistência social e inviabilizando o acesso à
direitos sociais das populações em risco e situação de vulnerabilidade social.